Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social vai implantar 100 pontos
fixos para a venda dos itens até 2018, no estado
Omar Freire/Imprensa MG
A falta de estrutura para o escoamento e a comercialização dos produtos
é considerado o principal gargalo que trava a expansão da economia popular
solidária em Minas Gerais. Para superar este embaraço, o Estado vai implantar,
até 2018, 100 pontos fixos para a venda de itens advindos dos empreendimentos
econômicos solidários.
Um deles será na Cidade Administrativa, em BH, que recebe nesta semana a
1ª Feira de Economia Popular Solidária. “Temos uma produção considerável, mas
não existem locais de escoamento. Para resolver este problema de imediato, a
solução é a criação de pontos fixos de comercialização”, diz o diretor de
Economia Solidária e Empreendedorismo da Secretaria de
Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese), Ramon Ramalho.
A entrega de 330 barracas para que as regionais instituam 11 pontos
fixos de comercialização ainda neste ano e a realização de 11 grandes feiras em
2016, sendo 10 regionais e uma estadual, também estão entre as ações para
alavancar o setor.
Ramon Ramalho defende os investimentos e acredita que a economia popular
solidária se torna muito mais relevante no contexto de retração econômica
“porque é a forma mais barata e eficiente para gerar emprego decente”.
“Além da geração de renda, a economia popular solidária é importante
para a formação do indivíduo enquanto cidadão, ajudando a superar situações de
violência doméstica, por exemplo. É uma forma de combater desigualdades
econômicas, étnicas e religiosas”, salienta Ramon Ramalho.
Maria da
Conceição produz roscas, pães, salgados e doces e está otimista com o apoio da
Sedese: "É uma oportunidade" - Crédito: Omar Freire/Imprensa MG
Força e participação popular
A feira da Cidade Administrativa acontece até esta quarta-feira (11/11).
No local, os visitantes podem conferir peças de artesanato e produtos de
vestuário e de alimentação orgânica. Ao todo, participam 30 empreendimentos da
Região Metropolitana de Belo Horizonte e do interior do estado.
Neuza Maria Ferreira é uma das integrantes da Oficina da Bolsa, um grupo
de sete mulheres da capital que produzem mochilas, bolsas e capas para
notebooks, tablets, livros, celular e lancheiras. “Fabricamos em nosso canto,
mas temos que ter um espaço para vender. Esse é o nosso sonho. O movimento está
crescendo e ficamos muitos felizes quando as portas se abrem”, conta Neuza
Maria.
Do município de Vespasiano, Maria da Conceição é uma das três mulheres
que compõem o empreendimento Pão da Vida, que produz roscas, pães, salgados e
doces. “Está sendo muito importante estar aqui. É uma oportunidade que a Sedese
está dando para a gente. Faz tempo que estamos buscando esse espaço, um ponto
fixo. Isso vai melhorar e vai ser bom demais”, vislumbra Maria da Conceição.
Atualmente, Minas Gerais tem 1.188 empreendimentos econômicos solidários
(estima-se que este número seja muito maior), segundo dados do Sistema Nacional
de Informações em Economia Solidária (Sies). O número representa 15% de todas
as iniciativas desse tipo no Brasil. De acordo com o Fórum Brasileiro de
Economia Solidária (Fbes), o país possui a maior rede de economia solidária do
mundo, com 33.518 empreendimentos.
São características dos empreendimentos solidários o fato de serem
coletivos e suprafamiliares (associações, cooperativas etc.), dedicadas à
realização de atividades econômicas de produção de bens, de prestação de
serviços, de comercialização e de consumo solidário, administradas de forma
coletiva e democrática, dispondo ou não de registro legal.
Prioridade do Governo
A Sedese aposta na economia popular solidária como alternativa de
inclusão produtiva e geração de trabalho e renda para milhares de famílias.
Desde a chegada da atual administração estadual, o secretário André Quintão tem
dado atenção especial ao tema, já tendo anunciado investimentos da ordem de R$
10 milhões em ações de inclusão produtiva.
Em maio deste ano, a pasta lançou o Plano Estadual de Desenvolvimento da
Economia Popular Solidária, que vai atuar em cima de quatros eixos: a criação
do Sistema Público de Economia Solidária; o fortalecimento e organização das
redes de comercialização dos produtos; a garantia de estrutura para escoamento,
comercialização e trocas; e qualificação e formação continuada do empreendedor
e trabalhador solidário.
Acesso às políticas públicas
O Governo de Minas Gerais aderiu ao Cadastro de Empreendimentos
Econômicos Solidários (Cadsol) do Ministério do Trabalho. O cadastro do
empreendimento tem validade de dois anos e faz com que os registrados consigam
usufruir de programas públicos de financiamento, crédito, aquisição e
comercialização de produtos e serviços.
Minas Gerais, a exemplo de Rio Grande do Norte e Bahia, está entre os
estados que mais têm pedidos de análise por empreendimentos interessados. Para
participar, o empreendimento deve solicitar o cadastramento por meio de
formulário eletrônico (clique aqui).
Gerido em nível nacional pelo Conselho Nacional de Economia Solidária e
pela Secretaria Nacional de Comércio Justo e Solidário, o Cadsol é um requisito
obrigatório para que os empreendimentos econômicos solidários estejam
devidamente inseridos no Sistema Nacional de Informações de Economia Solidária
e no Sistema Nacional de Comércio Justo e Solidário. É uma forma de
contabilizar estatisticamente a quantidade de empreendimentos, suas
características, capacidade produtiva e abrangência territorial.
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