Dezenas de cidades brasileiras realizaram ontem mobilizações em prol do
dia Internacional de Luta contra os Agrotóxicos. Em Belo Horizonte, o Comitê da
Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos Pela Vida - que conta com a parceria
do CONSEA-MG – realizou uma panfletagem na Praça Sete. O objetivo é fazer um
alerta à população sobre os riscos de alimentos contaminados e exigir mais
estímulo à agroecologia para garantir a segurança alimentar da população,
através da agricultura familiar e camponesa.
O Brasil. Segundo o sociólogo e pesquisador da Universidade de Brasília
(UNB), Carlito Dias Rocha, o Brasil é um dos maiores consumidores mundiais de
agrotóxicos, ultrapassando os Estados Unidos. Mais de 1 bilhão de toneladas desses
insumos são despejados nas lavouras brasileiras, sem contabilizar o uso
doméstico. Cada brasileiro consome, em média, cerca de 5,2 litros desses insumos todos os anos.
“Diversos trabalhadores no Brasil estão desde
a década de 60 adoecendo no brasil por causa do uso inadequado no Brasil. Temos
casos registrados de lavouras onde os agrotóxicos são pulverizados utilizando
aviões. Sabemos pelo 80% desse veneno não chegam nas plantações. Acabam
atingindo moradias até escolas, envenenando grande parte da comunidade local.
Até em leite materno já foi encontrado agrotóxico. Entendemos que isso tem
interferido e muito na qualidade de vida da população e precisamos alertar
sobre esses riscos”.
Essa campanha, segundo ele, é
importante tanto para o produtor quanto para o trabalhador, que em muitas
vezes, tem negado o direito de usar equipamentos de segurança individual.
Em 2013, o mercado de agrotóxicos
movimentou aproximadamente US$11,5 bilhões. Contudo, pesquisas recentes apontam
que, para cada US$1 gasto com agrotóxicos, são gastos U$1,28 para cuidar de
casos de intoxicação agudas no SUS.
Reivindicações
As principais reivindicações da
Campanha são:
• A proibição da prática ineficiente pulverização aérea (que atinge no máximo 30% do alvo), a exemplo do que ocorre na União Europeia;
• A proibição da prática ineficiente pulverização aérea (que atinge no máximo 30% do alvo), a exemplo do que ocorre na União Europeia;
• O banimento de agrotóxicos já
banidos em outros países do mundo (dos 50 agrotóxicos mais usados no Brasil, 22
já foram proibidos na União Europeia, por exemplo);
• O fim das isenções de impostos
dadas aos agrotóxicos;
• A criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, para o livre desenvolvimento da agroecologia
• A criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, para o livre desenvolvimento da agroecologia
• Maior controle para evitar a
contaminação da água por agrotóxicos.
O Dia Internacional
de Luta Contra os Agrotóxicos
A data foi estabelecida pela
Pesticide Action Network (PAN) para recordar as 30 mil pessoas falecidas (8 mil
morreram nos três primeiros dias), muitas delas crianças, na catástrofe de
Bhopal, Índia, ocorrida em 1984. Na tragédia, vazaram 27 toneladas do gás
tóxico metil isocianato, químico utilizado na elaboração de um praguicida da
Corporación Union Carbide, em uma zona densamente povoada. Cerca de 560 mil
pessoas continuam com sequelas do acidente até hoje.
Mais informações
http://www.contraosagrotoxicos.org/
http://www.contraosagrotoxicos.org/
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