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Moeda social fortalece economia de municípios mineiros

Reprodução

A Moeda Social tem ganhado cada vez mais espaço e contribuído para fomentar pequenos negócios em alguns municípios mineiros. Em Teófilo Otoni, no Território Mucuri, por exemplo, a moeda chamada ‘Lisa’, com adesão por parte de consumidores e comerciantes locais, registrou crescimento de 30% em 2015, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Criada no município em 2012, a Moeda Social leva o nome ‘Lisa’ em homenagem ao Padre Giovanni Lisa, fundador da Associação Aprender Produzir Juntos (APJ). O dinheiro tem a adesão de mais de 80 estabelecimentos comerciais, da zona sul de Teófilo Otoni, como lojas de material de construção, supermercados, padarias, revendedoras de gás, bares, restaurantes e salão de beleza.

A APJ, que reúne artesãos, representantes de pequenos negócios e associações de bairro, é a organizadora do banco comunitário Banclisa. Responsável pela gestão da moeda Lisa, o Banclisa faz parte da rede brasileira dos bancos comunitários, do programa nacional de Economia Popular Solidária (EPS), executado em Minas Gerais, em parceria com a Secretaria de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social (Sedese).

Funcionamento e projeção

A moeda Lisa tem valor equivalente ao Real, mas oferece vantagens, tais como descontos de até 15% nas compras feitas em lojas credenciadas. Outro benefício é o fato de o dinheiro gerar capital de giro para o comércio local. Segundo a coordenadora de finanças solidária da APJ, Maria Soares, no ano passado, 2.500 Lisas circularam entre os empreendimentos cadastrados no Banclisa.

“Este ano, esperamos aumentar a circulação da moeda social, porque fizemos uma divulgação maior e falamos dos descontos e da fidelização”, ressalta Soares. Um termômetro dessa expectativa de crescimento foi registrado no último mês de fevereiro, com a movimentação de 800 Lisas, número 40% superior em comparação com o mesmo período de 2015.

Clientela

Marcelo Oliveira, dono de supermercado, aderiu ao Lisa há oito meses. O que chamou a atenção dele foi a proposta social da moeda e a possibilidade de oferecer mais um produto aos clientes. “A moeda é importante porque tem a função fortalecer a economia local e ajudar empreendimentos numa região carente”, afirma o comerciante.

Já o vendedor autônomo Fabrício Figueiredo é correntista do Banclisa desde 2013. Ele conta que não teve nenhuma resistência ao Lisa e, de lá para cá, tem utilizado a moeda para comprar gás de cozinha, alimentos e remédios. “O Lisa tem dado certo aqui na nossa região e tem facilidades, como os descontos de 10% nas compras. Além disso quando utilizamos a moeda, estamos ajudando projetos produtivos sociais” destaca Fabrício.

E-dinheiro

A coordenadora de finanças Maria Soares também aposta no sucesso da moeda social eletrônica, o Lisa e-dinheiro. O e-dinheiro funciona por um aplicativo de celular ou por SMS, sem restrição de operadora. Criada especificamente para os bancos   comunitários, a ferramenta eletrônica é aceita em 90% dos estados brasileiros.

Qualquer consumidor pode utilizar o sistema, desde que abra uma conta no banco comunitário - no caso de Teófilo Otoni, no Banclisa -, e deposite certa quantia para efetuar as compras. “Essa ferramenta traz mais credibilidade e facilita o comércio, pois não é necessário dinheiro de papel. Acho que isso vai facilitar a expansão do Lisa para outros bairros de Teófilo Otoni,” explica a coordenadora da APJ.

Confirmando a tendência de ampliação, Maria Soares anunciou, também, que a maior rede de supermercado da cidade acaba de aderir ao Banclisa para receber o e-dinheiro. Além disso, o banco comunitário tem parceria com Caixa Econômica Federal e parte de benefícios como o Bolsa Família, já podem ser repassados em Lisa.

“Com isso, muita gente beneficiada pelo programa pode comprar seus produtos na vizinhança. O que traz mais dinheiro e desenvolvimento para nossos bairros”, comemora Maria.

Linhas de crédito

O Banclisa também atua com três linhas de crédito. A de consumo, por exemplo, empresta até 500 Lisas para que as pessoas possam comprar remédios e alimentos. Já as linhas produtiva e de construção disponibilizam de 500 a 3.000 Lisas. Os juros não passam de 1%. “Nós disponibilizamos o dinheiro depois de conhecer a pessoa e analisar como o dinheiro será aplicado. O contato é personalizado, indo à casa ou ao empreendimento. Esse atendimento é mais próximo porque nosso objetivo não é lucrar e sim apoiar”, ressalta Maria Soares.

A sede do banco é uma referência da EPS na cidade e possui um ponto de comercialização de produtos feitos pela Economia Popular Solidária (EPS). “Aqui, fazemos reuniões mensais para auxiliar na gestão dos empreendimentos e prestação de contas dos empréstimos feitos,” conta a coordenadora.

Expansão dos bancos comunitários

Além de Teófilo Otoni, também contam com o mesmo modelo de instituição financeira os municípios de Esmeraldas (Território Metropolitano) e Chapada Gaúcha (Território Norte).

Entre as metas do Plano Estadual de Desenvolvimento da Economia Popular e Solidária, acordado nos Fóruns Regionais de EPS realizados em Minas Gerais, está a expansão dos bancos comunitários em Minas Gerais.

Segundo o diretor de Geração de Renda da Sedese, Ramon Ramalho, até o final deste ano, serão implantados os bancos comunitários de Igarapé e São Joaquim de Bicas (Território Metropolitano) e de Itambacuri (Território Mucuri). “A proposta é a criação de bancos comunitários em todos os 17 Territórios de Desenvolvimento”, destaca.

Para o secretário de Estado de Trabalho e Desenvolvimento Social, André Quintão, a   economia solidária é uma estratégia de ampliação de renda, principalmente em regiões onde o emprego e o mercado de trabalho formal são insuficientes para incorporar as pessoas. “A EPS permite uma diversificação das formas de inclusão produtiva e geração de renda. Num estado como Minas Gerais isso é mais importante ainda”, avalia o secretário.

Banco comunitário

A rede de bancos comunitários é formada por 104 bancos em todo Brasil. O objetivo é promover o desenvolvimento de territórios de baixa renda, por meio do fomento à criação de redes locais de produção e consumo.

O banco comunitário baseia-se no apoio às iniciativas da economia popular e solidária em seus diversos âmbitos, como: de pequenos empreendimentos produtivos; de prestação de serviços; de apoio à comercialização; e o vasto campo das pequenas economias populares.


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