O objetivo é mudar uma realidade: o brasileiro consome mais do que o dobro da quantidade diária de sal recomendada pela OMS.

Um acordo ampliou, nesta terça-feira (13), a variedade de alimentos industrializados que vão passar por uma reformulação, nos próximos anos. O objetivo dessa mudança é a saúde dos consumidores, como explica o repórter Alan Severiano.
Magro, não-fumante, praticante de esporte três vezes por semana. Nada disso evitou que Benício tivesse um infarto. O médico passou o aniversário de 66 anos internado porque é hipertenso e abusou do sal.
“Sou descendente de oriental, meu tempero usa muito shoyu. Churrasquinho também com sal grosso, três vezes por semana”, conta.
No Instituto do Coração, dois andares abaixo do quarto do paciente, o ministro da Saúde e a indústria de alimentos assinaram, nesta terça-feira, um acordo para diminuir, gradualmente, o percentual de sódio, o principal componente do sal, nos produtos industrializados.
Até 2014, o pão francês deve ter 10% menos sódio. Maionese, 33%. Nos bolos prontos e biscoitos, a redução deve chegar a 56%. Para batata frita e batata palha, salgadinho de milho e mistura para bolo, os cortes variam de 17% a 60% até 2016.
A redução já tinha sido acertada para outros três produtos: macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinhas. O objetivo é mudar uma realidade: o brasileiro consome mais do que o dobro da quantidade diária de sal recomendada pela Organização Mundial da Saúde.
“Pode haver uma redução muito importante da hipertensão da população brasileira. E, consequentemente, diminuir a incidência de problemas cardíacos e mesmo o AVC”, avalia Luiz Bortolotto, do departamento de hipertensão do Incor.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária vai monitorar o cumprimento do acordo, que é voluntário. Os fabricantes que não reduzirem o teor de sódio não serão multados. Mas também não poderão divulgar nas embalagens que os produtos que vendem são mais saudáveis.
A indústria diz que leva tempo para se adaptar porque pesquisa formas de não alterar o sabor dos alimentos. “Temos que encontrar alternativas e substitutos, o que não está sendo tão fácil”, explica Edmundo Klotz, da Indústria Brasileira de Alimentos.
A cada ano, mais de 70 mil brasileiros morrem de infarto do coração. Cerca de 65% das mortes ocorrem até uma hora depois da lesão. Para tentar reduzir a mortalidade por infarto, que no SUS é o triplo da rede privada, o governo vai oferecer a partir de janeiro tratamentos mais modernos, que vão custar R$ 35 milhões por ano. Dois deles são medicamentos que dissolvem mais rapidamente os coágulos que entopem as artérias.
“Quanto antes você receber esse remédio, mais rápido e mais eficaz será na abertura da artéria. Quanto mais rápido se abre uma artéria, mais chance de sobrevida terá aquele paciente e menos sequela vai ter o músculo cardíaco”, diz Roberto Kalil Filho, diretor de cardiologia do Incor.
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2011/12/industria-e-governo-anunciam-acordo-para-reduzir-sodio-nos-alimentos.html
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