Taxa de desemprego entre a população negra cai 14 pontos percentuais na RMBH em sete anos
A taxa de desemprego entre a população negra da Região Metropolitana de
Belo Horizonte (RMBH) caiu de 21,2%, em 2004, para 7,3% em 2011. Esse
dado é do boletim especial sobre a inserção do negro no mercado de
trabalho da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), realizada pela Secretaria de Estado de Trabalho e Emprego (SETE), Fundação João Pinheiro (FJP) e Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado nesta terça-feira (13).
Entre os não negros, no mesmo período (2004-2011), a taxa de desemprego
caiu de 16,4% para 6,3%. Na análise por cor e sexo, entre os homens
negros, a taxa apurada em 2011 foi de 6% e, entre as mulheres negras, de
8,9%. Já entre os não negros, a taxa média aferida foi 6,3%, sendo 4,7%
entre os homens e 8,1% entre as mulheres. A taxa média total de
desemprego na RMBH em 2011, entre homens e mulheres negros e homens e
mulheres não negros, de acordo com a pesquisa, foi de 7%.
Essas são as taxas médias de desemprego mais baixas entre as sete
regiões metropolitanas pesquisadas, inclusive entre a população negra.
Em segundo lugar, entre os não negros, está Porto Alegre, com taxa de
6,8%. Mas entre os negros, o desemprego chega a 11,1%.
Já Fortaleza apresenta taxa de 8,5% entre os não negros e 9% entre os
negros. São Paulo, Distrito Federal, Recife e Salvador apresentam taxas
de desemprego entre os negros de 12,2%, 13%, 14,4% e 15,8%,
respectivamente. Já entre os não negros, as taxas são 9,6% (SP), 11%
(DF), 11,2 (RE), e 11,1% (Salvador).
Negros são 62% da população em idade ativa
Em 2011, na RMBH, os negros representavam cerca de 62,0% da População
em Idade Ativa (PIA) e uma proporção semelhante a esta na composição da
População Economicamente Ativa (PEA) – conjunto de ocupados e
desempregados.
Na evolução da diferença do desemprego entre cor e sexo na RMBH de 2010
a 2011, a pesquisa aponta queda de 0,9 pontos percentuais, passando de
2,2% para 1,3% entre negros e não negros.
Entre homens negros e não negros, houve queda de 2% para 1,3%. Entre
mulheres negras e não-negras a queda foi de 3,2% para 0,8%. Já entre
mulheres negras e homens não negros, a diferença caiu de 6,8% para 4,2%.
Responsável por mais da metade dos postos de trabalho na RMBH, o setor
de serviços passou a abrigar 52,9% do total de ocupados negros e 61,3%
de não negros, em 2011, após ampliação para ambos os segmentos de
raça/cor. A participação de negros era ligeiramente superior na
Indústria (14,3% contra 13,7% de não negros) e no Comércio (15,3% e
14,9%).
Os setores em que a proporção de negros superava de forma significativa
a de não negros – Construção Civil (9,2% e 5,6%, respectivamente) e
Serviços Domésticos (8,1% e 4,0%) – são aqueles em que predominam postos
de trabalho com menores exigências de qualificação profissional,
remunerações mais baixas e relações de trabalho mais precárias, sendo,
por conseqüência, menos valorizados socialmente.
“Esses dados refletem a nossa herança cultural. Historicamente os
negros ocupam cargos inferiores em relação aos brancos. Mas a pesquisa
demonstra que as desigualdades têm diminuído consideravelmente”, pontua
Plínio Campos, coordenador técnico da PED pela Fundação João Pinheiro.
Rendimentos por hora variam mais de R$ 3,00
Os rendimentos por hora dos negros foram aferidos em R$ 7,05, enquanto
entre os não negros esse valor chegou a R$ 10,79. O menor rendimento foi
registrado entre as mulheres negras, no valor de R$ 5,95 por hora e o
maior entre os homens não negros, no valor de R$ 11,61.
Para o coordenador do Observatório do Trabalho da Sete, Igor Coura de
Mendonça, a distância a ser percorrida para a igualdade no mercado de
trabalho ainda é grande.


Comentários