Pular para o conteúdo principal

Grupo de mulheres baianas ganha estabilidade com vendas para o PAA e Pnae

Um antigo ditado popular afirma que a união faz a força. No interior da Bahia, mais especificamente no Território da Cidadania do Sisal, no município de Santaluz, 280 mulheres decidiram seguir o dito para mudar de vida. Há dois anos, fundaram a Associação do Movimento de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Agricultoras Familiares (Ammtrafas) e se especializaram em produzir alimentos para os mercados de compras institucionais do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), iniciativas do governo federal, articuladas por meio da Secretaria de Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (SAF/MDA).
"Nascemos de um movimento de mulheres do município que já vendia os produtos nas feiras, comércios e comunidades da região e que, no decorrer do tempo, sentiu a necessidade de se reunir e criar a associação. Nosso próximo passo é criar a cooperativa. Estamos na fase de registro", adianta a vice tesoureira do empreendimento e também agricultura familiar, Joseane Santos Lopes, 26 anos.
Por estar situada em um território grande, a associação é formada por 17 grupos distintos de produção, que concentram até 30 mulheres em cada um. "As mulheres da associação moram em comunidades diferentes e não teria como todas se encontrarem em um único lugar para produzirem. Com o grupo temos uma quantidade de pessoas trabalhando juntas que conseguem produzir mais. Mas estamos sempre articuladas e duas vezes por mês há um encontro com todas", explica a agricultora.
Produção diversificada A produção das associadas abrange uma diversidade de itens. Entre eles estão bolos variados, broas de milho, sequilhos, polpas de frutas, hortaliças e artesanatos de sisal – planta muito comum na região e que inspirou o nome do território. A maior parte da matéria-prima usada na produção é semeada e colhida pelas próprias associadas. A compra dos ingredientes só é feita quando a quantia para atender os mercados de compras institucionais supera as frutas e hortaliças produzidas pelas agricultoras ou, ainda, quando a estiagem compromete as plantações.
Com a mão na massa
A rotina das trabalhadoras rurais é acelerada. Joseane conta que as agricultoras se dividem entre os afazeres do lar e da associação. Joseane, por exemplo, cuida das filhas de 6 e 10 anos, de todo o funcionamento de sua propriedade e do cultivo de algumas hortaliças. Quando está na associação, se dedica a fabricar os produtos vendidos, juntamente com as outras mulheres, e também a uma série de atividades administrativas do empreendimento, como articulação dos grupos e a promoção de capacitações, além dos encaminhamentos da tesouraria.
Antes de comercializarem para os programas do governo federal, Joseane conta que as agricultoras vendiam os produtos, frutas e hortaliças, nas feiras e nos mutirões que elas organizavam nas ruas das cidades próximas, onde sofriam com o transporte, as condições do tempo e até com pequenos furtos. Realidade que ela diz ter mudado completamente. "Quando a gente ia para a feira, a gente ia ver se vendia. Hoje, com as vendas para o PAA e Pnae, a gente sabe que é certo. É um dinheiro que a gente sabe que é certo, é garantido que iremos receber”, avalia.
Superando barreiras
Ao contar a história da associação, Joseane, que mora em uma propriedade rural de dois hectares, lembra, também, do preconceito e da desconfiança que as mulheres passaram. "Sofremos preconceitos dos homens no começo da associação. Aliás, até hoje sofremos. Eles se incomodam quando veem as mulheres se articulando, porque sabem que, de certa forma, estamos ocupando os espaços que só eles estavam, há algum tempo. É uma luta de muito tempo, por isso é uma realização", reflete.
Os produtos comercializados pela Ammtrafas são distribuídos e consumidos nas escolas da rede pública que ofertam o nível básico da educação, mesmos estabelecimentos de ensino em que estudam boa parte das crianças e adolescentes da região. “A grande maioria dos filhos das mulheres que produzem os alimentos vendidos pela associação estuda nas escolas que recebem nossos produtos. Então, as crianças sabem que aquele alimento foi feito ou plantado pela mãe dele. Isso é muito importante, a gente ver e saber que é reconhecida”, orgulha-se Joseane.

Fonte: Site MDA

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

PROCESSO DE SELEÇÃO BIÊNIO 2025-2026 CONSEA-MG

  A Comissão de Seleção do Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas  Gerais - Consea-MG, responsável pelo processo de escolha das Entidades, Organizações Civis e Coletivos  da sociedade civil, na forma da Lei 22.806/2017, do Decreto nº 47.502/2018 e da Resolução nº  001/2024, torna público o presente Edital que trata do processo de seleção e renovação da composição  do Consea-MG para o biênio 2025-2026.  Ficam abertas as inscrições de Entidades, Organizações Civis ou Coletivos da sociedade civil para  seleção de representação para o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas  Gerais (Consea MG), para ocupar 26 (vinte e seis) vagas de membros titulares e 26 (vinte e seis) vagas  de membros suplentes para o Biênio 2025-2026, sendo:  - 17 (dezessete) vagas de membros titulares e 17 (dezessete) vagas de suplentes destinadas às  entidades, organizações civis e coletivos de abrangência r...

NOTA DE REPÚDIO DO CONSEA-MG À PARCERIA DO MDS COM AS EMPRESAS COCA-COLA E ARCOS DOURADOS / MC DONALD’S NO ÂMBITO DO SISAN E DAS COZINHAS SOLIDÁRIAS

  Belo Horizonte, 14 de março de 2025 O Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais, no uso das suas atribuições dispostas na Lei Estadual nº 22.806 de 2017 vem a público apresentar nota que manifesta veemente repúdio às recentes parcerias firmadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) com as empresas Coca‑Cola® e Arcos Dorados, operadora da rede de fast-food McDonald’s, visando ao fomento das Cozinhas Solidárias. Tal aliança, que se apresenta como uma iniciativa de inclusão socioeconômica, geração de emprego e combate à fome, revela, na prática, escancarado conflitos de interesse incompatíveis com os princípios e as diretrizes das políticas e dispositivos legais da segurança alimentar e nutricional. CONSIDERANDO: 1. Que o Protocolo de Intenções nº 32/2024, celebrado entre o MDS e a Coca‑Cola®, prevê a implementação de ações de capacitação, inclusão social e ampliação da rede de equipamentos de segurança alimentar, dentre eles as cozinha...

VEM AÍ: PLENÁRIAS ELETIVAS DAS CRSANS

Ocorrerão entre os dias 17 de janeiro e 06 de fevereiro de 2025 nos 17 territórios do estado de Minas Gerais as plenárias eletivas das Comissões Regionais de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CRSANS). A participação dos atores e atoras envolvidas em ações de Segurança Alimentar e Nutricional nos territórios é fundamental para a capilaridade das ações do CONSEA-MG em todo o estado de Minas Gerais, colaborando para a efetividade das politicas de Segurança Alimentar e Nutricional. Abaixo segue a relação das plenárias eletivas de cada território, bem como o link para inscrição dos interessados em participar. 17/01/2025 - 16h30 - VERTENTES - INSCREVA-SE 21/01/2025 - 09h00 - BAIXO E MÉDIO JEQUITINHONHA - INSCREVA-SE 21/01/2025 - 14h00 - TRIÂNGULO NORTE - INSCREVA-SE 21/01/2025 - 15h00 - TRIÂNGULO SUL - INSCREVA-SE 21/01/2025 - 19h00 - MATA - INSCREVA-SE 22/01/2025 - 14h00 - CENTRAL - INSCREVA-SE 22/01/2025 - 18h30 - OESTE - INSCREVA-SE 27/01/2025 - 18h00 - METROPOLITANA - INSCRE...