terça-feira, 1 de maio de 2012
COMUNIDADE: VIDA COM SAÚDE
No
final de semana do Bom Pastor, 28 e 29 de abril de 2012, a Diocese de Caxias do
Sul se reuniu em torno do 12º Encontro Diocesano de Comunidades. O Evento teve
início na manhã de sábado na Igreja Menino Deus, no Bairro Serrano em Caxias.
Os Padres Adilson Zilio, pároco da paróquia Menino Deus, Gilmar Marchesini,
coordenador diocesano de pastoral e Dom Alessandro Ruffinoni, Bispo Diocesano,
acolheram a todos os delegados das mais diversas regiões pastorais da
Diocese.
O
Encontro que teve assessoria de Dom Mauro Morelli, Bispo Emérito de Duque de
Caxias – RJ e foi um momento de formação e informação dos agentes de pastoral,
seminaristas, jovens, leigos e comunidades. O tema tratado neste encontro nos
chamou a atenção para a Missão e Ecologia e para o lema da Campanha da
Fraternidade 2012: Que a saúde se difunda sobre a Terra, donde brotaram os
assuntos de trabalho: A Saúde que vem da Agricultura Familiar, A Saúde que vem
da Economia Solidária, A Saúde que vem da Família, A Saúde que vem da Política
e A Saúde que vem da vivência Comunitária.
Na
parte da manhã, Dom Mauro, iniciou sua assessoria com infinitas situações que
ocorrem todos os dias em nossa vida, e assim, dentro do espírito de cooperação
das Comunidades Eclesiais de Base – CEBS – nos falou que a Igreja tem a
realidade local estampada em seu rosto, porém a fé no Ressuscitado é a mesma.
Dom
Mauro nos situou numa sociedade altamente informatizada, mas chamou a atenção
para a nossa reflexão diante do que vemos e ouvimos diante dos meios de comunicação
e da nossa vida cotidiano. Os termos utilizados na assessoria nos querem fazer
refletir sobre a saúde, mas também sobre a Igreja doméstica, que é a família,
sobre nossos cuidados com a nossa alimentação e principalmente com a economia
consumista que estamos gerindo. Se somos comunidade estamos reunidos em torno
de um objetivo comum, Cristo que perdeu a sua vida para nos salvar, e deste
modo, a Igreja está estritamente ligada e é fiel a sua missão e sua vocação, a
de anunciar o Evangelho e a Eucaristia vivendo o que é anunciado.
Dentro
do que tratamos de vocação da Igreja tratamos da nossa também, e essa se inicia
no Batismo, quando adentramos a comunidade, para sermos seus membros
eternamente, dos filhos de Deus, porém, Dom Mauro contestou um fato muito
presente em nossa vida, levamos muito a sério o dia em que nascemos de nossa
mãe, isto é, nosso aniversário natalício, mas não lembramos nem se quer o dia
em que nascemos na comunidade dos filhos de Deus, o nosso Batismo. Assim
podemos dizer que, festejamos muito, mas esquecemos da fonte principal da
Igreja, o Batismo.
Chegamos
à simples conclusão de que o 12º Encontro Diocesano das CEBS foi conclamado por
Cristo que quer estar e celebrar conosco. Dom Mauro ainda utilizou diversos
termos que fizeram com que quem estivesse ali presente sentisse que Cristo nos
chama, nos instrui por meio de outras pessoas e nos envia a anunciar e a viver
o mandato de Cristo: “Ide e faze discípulos meus a todos os povos”. Dentre os
termos que mais chamaram a atenção estão: “A Teologia não salva ninguém”, “Deus
faz desgraça virar graça” “Um pouco de nossa identidade está em cada
acontecimento de nossa vida” e por fim “Vivemos numa época de constante
informação, porém, qual é o discernimento? Informação + discernimento = sabedoria”.
Ao
falarmos de saúde vem-nos à mente toda a polêmica gerada nos últimos dias, após
a descriminalização do aborto de anencéfalos, o assessor nos colocou diante da
fé e razão e da razão sem fundamento, algo vazio. Assim nos disse que na
fecundação se inicia a vida e esta é um processo contínuo de alimentação, sendo
que, Deus, pela fé, nos alimenta com seu amor. Assim, quem tem uma razão vazia
que só acredita no presente, acredita na vida, mas essa crença se esgota com o
passar dos anos e se acaba com a morte. Fica a lição para nós: Temos de
alimentar nosso corpo em todas as suas dimensões: corpo, alma e espírito.
“Educação
se consegue com nutrição”, foi mais um termo utilizado por Dom Morelli para nos
situar dentro do tema do encontro: “Comunidade: Vida com Saúde” ao lembrar que
o Pão é Vida e o Alimento é de Deus e que Pão é de Deus e Alimento é Vida e
também fazendo memória a frase do Papa Bento XVI “A fome no mundo é um problema
ético da Igreja”. Foi bastante utilizada na parte da manhã a figura da família
como espaço democrático de vivência, onde todos se enxergam e se complementam,
assim, se torna indispensável a reestruturação da Igreja doméstica para que a
haja saúde, e também haja uma valorização dos valores humanos e cristão que se
perderam com o passar do tempo.
Na
parte da tarde, os delegados iniciaram os trabalhos com os temas acima
descritos, nas oficinas espalhadas pelas comunidades da Paróquia Menino Deus e
São Ciro. Cada oficina propiciou a seus participantes um olhar mais crítico,
racional e emocional das situações diversas do nosso dia-a-dia. Como fazer uma
economia solidária baseada na agricultura familiar se está cada vez maior o
êxodo rural? Como fazer da família um espaço democrático e feliz chamado a
viver em comunidade? Perguntas como essas foram nos colocadas para que
pudéssemos refletir sobre o valor da vida, sob mais um termo de Dom Mauro: “A
vida é absoluta, o resto é relativo.” Ao final da tarde cada comunidade
organizou e realizou uma Celebração Eucarística que foi animada e vivenciada no
modo simples e acolhedor das CEBS em que a Igreja se faz povo e o povo se faz
Igreja. Encerrado o primeiro dia de trabalhos, os participantes foram acolhidos
nas casas das famílias de cada comunidade no
espírito de fraternidade, pois numa noite extremamente fria, o povo
cedeu pouso para pessoas desconhecidas, mas que, pelo nome de Cristo se uniam
no propósito da busca por um mundo melhor
Na
manhã do Domingo, 29, Dia de Oração pelas Vocações, aconteceu a grande
celebração do 12º Encontro de Comunidades na Igreja Menino Deus, no bairro
Serrano, celebrada por Dom Alessandro Ruffinoni e concelebrada por Dom Mauro e
por um grupo de sacerdotes do clero diocesano, onde, no momento do Glória, cada
oficina entronizou um símbolo que expressara o trabalho realizado e as
reflexões promovidas na tarde anterior.
Após
a celebração foram expostos pelos representantes de cada oficina os trabalhos e
conclusões frutificadas de um encontro democrático, onde todos expuseram seus
modos de ver cada assunto, suas duvidas e certezas, assim construindo uma rede
de relações, processos e um caminho de cuidado e promoção da vida em todas as
suas dimensões. Ao final, Dom Mauro concluiu os trabalhos, com uma breve
explanação sobre os assuntos. Dom Morelli concluiu: “Nossa fé não nos dispensa
sermos competentes, se até para pecarmos temos de ter competência”.
Ficou-nos
a lição: Relacionamos muito a saúde com a doença, chamamos de Pastoral da
saúde, mas só falamos de doenças e não vemos a verdadeira saúde que brota da
boa alimentação, da vivência comunitária e da Igreja doméstica. É hora de, após
esse encontro, darmos um passo novo adiante para a nossa realização pessoal e
enquanto comunidade para mexermos a sociedade acomodada para que busque vida
com saúde.
Felipe M. Padilha
Comentários